terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Convivência - Texto do livro "NADA"


Quando se trata de convivência é complexo tentar elucidar ou cogitar alguma coisa a respeito. Somos tão diferentes uns dos outros que às vezes parece que somos estranhos. Mas por incrível que pareça, somos iguais e filhos do mesmo Pai. O que temos de distintos são os acessos à educação, cultura, lazer, ao conhecimento e as leis de sua nacionalidade. Ainda que sejam adquiridos os adjetivos acima, nos tornam mais afastados e inconstantes. As reações são diferentes e os métodos de tratamento também. Daí se cria os pré-conceitos, mas não é nosso assunto tratado aqui.
            De forma geral os relacionamentos são dinâmicos, espontâneos e imprevisíveis. Às vezes desejamos conhecer alguém e constituir ali uma amizade, mas algo acontece e da tudo errado. Acaba que não conseguimos desenvolver uma convivência com a pessoa. Porem às vezes conhecemos pessoas do nada e começamos uma amizade que pode durar para sempre. O certo é que entre um e outro a vontades e não estou falando de casais, estou falando sobre convivência. Entre gostar e não gostar de alguém estão os atos, a maneira de pensar e a personalidade; que são adquiridas. Logo podemos viver no mesmo lugar e sermos todos unidos pela causa maior. A vida.
            Conviver com outras pessoas é complicado? Sim, mas isso não implica no que as pessoas são e sim do jeito que elas se comportam. Se tiverem conflito de interesses, ao caráter e coisas do gênero. A afinidade começa pelo que a pessoa representa no momento, depois de um tempo é que observamos as qualidades e defeitos das mesmas. Os realits fazem sucesso porque a uma mescla de gente no mesmo ambiente, confinado, sem muitas escolhas e vontades vivendo por um tempo com os mesmos afazeres. Os valores são colocados à prova, as circunstancias fazem elas manifestarem o que realmente são. Patranhas ou organizadas no ato de inferir.
            Fomos criados para vivermos juntos, mas os “utensílios” da vida nos separam de tal forma, que às vezes construímos aversão. Prejudicamos e interferimos no projeto de Deus. Por causa das patotas que o mundo nos oferece. Aceitamos a condição de ínfimo a ponto de banalizar a pura e linda estrutura esculpida por Deus. Você!
            Os indicadores da convivência humana ferem nossos princípios aprendidos no meio em que vivemos. Pensar que o que sabemos é melhor do que o outro sabe não é a situação mais propicia para intervir na vida alheia. Claro que podemos adquirir pensamentos mais harmoniosos que outros. Principalmente se for com base no respeito e nos direitos legais das pessoas. Todavia, pelo que me consta, queremos ensinar demais e não queremos aprender porcaria nenhuma. Devemos viver com o único principio, o amor. Se começarmos a tratar as pessoas com amor (ainda que alguns mereçam tapas na cara), vamos entender que tudo é vaidade e que a raiva é desnecessária. Precisamos é de compreensão e o dinheiro pode enfiar onde quiser. Não vale nada quando se trata de vida. Dinheiro compra quase tudo. Precisamos dele e não é por isso que matamos por ele. Fazemos o que fazemos porque somos escravos dele. Ele serve como engodo, que compra a obsessão das pessoas. Compra os invejosos e os orgulhosos. Os padrões morais das pessoas caem como objetos na gravidade quando se trata de coisas materiais. É incrível como muitos são indignos e virtuosamente indóceis. Pessoas frigidas, sem perdão e compaixão. A convivência continuará sendo escassa enquanto houver farpa em nossos corações.
            Gil Vicente, um dos fundadores do teatro Português do século XV já falava das luxuosas vidas e os lucros. Onde as pessoas perderam o fulgor e começaram as cobiças por coisas frívolas. Dizia ele no texto “todo mundo e ninguém”. “Que todo mundo quer paraíso, e ninguém paga o que deve”. É isso! Vejo que não a muita diferença do real hoje. As pessoas só querem ganhar, passar o outro para trás. Tem algo dentro do ser humano que instiga a ficar por cima do outro independente da situação. Não ligam se o próximo esta perdendo. O importante é o meu ego ganhar.
As pessoas poderiam abrir mão para outras. Assim seria mais fácil conviver. Seria mais fácil aprender com outro do que maltratar o outro. Seria mais fácil dialogar que xingar. É árduo. Sabemos disso. Até com nossas famílias viver junto é complicado. Alguém falou que a vida seria fácil? Tudo vem com luta e esforço, muito esforço. Até nossas amizades ou as pessoas que conhecemos por ai. Virá o dia que vamos nos adaptar e aprender a dividir o pão. Vamos olhar nos olhos de outros e chamá-los de irmãos. Não faço a mínima idéia de quando será, mas de uma coisa tenho certeza. Está breve!

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